Se estivesse vivo, neste dia 05 de março Antônio Gonçalves, completaria 100 anos. Entrou para a história da literatura, cultura e imaginário popular nordestino, como Patativa da Assaré. Foi poeta social, sem pertencer a nenhum partido. Políticos em campanha gostavam de ter a presença de Patativa em seus palanques.
O poeta e agricultor que frequentou a escola apenas por um semestre, era apreciador de livros e um de seus sonhos era que sua obra chegasse às escolas.
TRECHO
Brasi de cima e Brasi de baxo (Cante lá que eu canto cá)
Meu compadre Zé Fulô, Meu amigo e companhêro,
Quage um ano que eu tou
Neste Rio de Janêro;
Eu saí do Cariri
Maginando que isto aqui
Era uma terra de sorte,
Mas fique sabendo tu
Que a miséra aqui no Su
É a mesma do Norte Tudo o que procuro acho.
Eu pude vê neste crima, Que tem o Brasi de baxo E tem o Brasi de Cima Brasi de Baxo, coitado! É um pobre abandonado; O de cima tem cartaz, Um do ôtro é bem deferente: Brasi de Cima é pra frente,
Brasi de Baxo é pra trás Aqui no Brasi de Cima, Não há dô nem indigença, Reina o mais soave crima De riqueza e de opulença; Só se fala de progresso, Riqueza e novo processo De grandeza e produção.
Porém, no Brasil de Baxo Sofre a feme e sofre o macho A mais dura privação.