A lua de mel de John Lennon e Yoko Ono, que se casaram no dia 20 de março de 1969, não foi inesquecível apenas para os dois. Aproveitando-se do grande interesse da imprensa, o casal ficou recluso em um quarto de hotel em Amsterdã e, por uma semana, convidou jornalistas de todo mundo a participarem de um debate histórico sobre a paz mundial – estava em curso a guerra do Vietnã. A inusitada proposta causou polêmica, dividiu a imprensa, mas Lennon e Yoko conseguiram chamar a atenção de todos para a questão. O ato, lembrado até hoje em todo mundo, ficou conhecido como Bed-in. Só que o panelaço não ficou só nisso. Pouco tempo depois, o Bed-in teve uma segunda edição, desta vez em Montreal, no Canadá. No dia 26 de maio de 1969, John e Yoko se trancaram no quarto 1742 do Hotel Queen Elizabeth e, mais uma vez, durante sete dias eles deram o que falar. Convidaram artistas e jornalistas e reeditaram o protesto que completa agora 40 anos. Mas a quantas anda hoje, em 2009, essa história de paz mundial? Será que jovens, sociedade e músicos de hoje têm essa preocupação? Há quem garanta que sim! – Muita gente pode não estar percebendo, mas diversos setores da sociedade, em diversas partes do mundo estão extremamente mobilizados em discutir e promover a paz mundial – diz Lucia Benfatti, coordenadora de programas educacionais e culturais da associação Palas Athenas. Ela lembra que mudanças assim não são mesmo da noite para o dia. – A ação do Green Peace, por exemplo, demorou 25 anos para começar a surtir algum efeito. Entretanto, as ações concretas de paz de hoje são um pouco diferentes do Bed-in, promovido por John e Yoko há 40 anos. – O Bed-in fez todo sentido para a época. Com a guerra em curso, a liberdade sexual, a bandeira do ‘faça amor, não faça guerra’, aquilo tudo estava inserido em um contexto muito específico. Mas, ainda assim, fica difícil dizer se ele teve algum acréscimo concreto para paz no mundo. Qual mensagem foi passada para as pessoas? – questiona a coordenadora do Departamento de Culturas e valores do Instituto Sou Paz, Beatriz Cruz. – No plano simbólico, sem dúvida, aquilo teve algum efeito. Mas, como algo efetivo, não vejo grande acréscimo e não acho que hoje seria diferente.
