Há 30 anos atuando no cenário musical, a cantora alagoana Fhátima Santos adotou o Ceará e fez dele sua casa onde tornou-se referência na música cearense. Confira uma pouco da conversa que será publicada na edição de outubro da revista Canto da Iracema.
Em uma entrevista a uma rádio local, você declarou que considerava a música uma besteira. E hoje? Como foi que você passou a encarar de outra maneira?
Na realidade não falei que a música fosse uma besteira. Falei que quando comecei a cantar, achava que era tão fácil que estranhava quando alguém aplaudia uma coisa tão fácil de fazer. E nessa época muito jovem ainda, não tinha noção do valor do canto, da interpretação, da poesia. Eu abria a boca e cantava sem noção nenhuma da responsabilidade que é cantar.
Blues, jazz, samba, bossa… sempre presentes no teu repertório. O que você não cantaria, nem canta?
Não cantaria e não canto a música fácil, comercial, só com a intenção de ganhar dinheiro. Música de melodias burras, poesia com palavras sem nexo, não canto. A música é muito séria. Não se pode brincar com ela como estão fazendo.Você é de Alagoas, mas se tornou referência no cenário cearense. Foi difícil conquistar esse espaço?
Olha, nada na minha vida é fácil. Tudo que é fácil vai embora logo.As conquistas que fiz foi demorada,porém, fiel e duradora.E os shows homenagens?
O que temos hoje pra cantar de bom? Ainda bem que existem esses compositores imortais que podemos hoje em dia fazer as homenagens aos seus grandes feitos pela nossa música. Nada mais justo, até porque o que fizeram hoje pra nós é uma escola. E por incrível que pareça tem pessoas que ainda não os conhecem, como: Zé Keti, Ary Barroso, Dory Caymmi, Edu Lobo, etc.Que avaliação você faz das condições do cenário local?
Bem, temos muitos projetos, editais, eventos, etc. O que falta é recebermos nosso cachê em dia e não passarmos um mês, dois, três ou até anos pra receber. Como todo mundo, o músico precisa pagar suas dívidas porque ele vive da música. Somos profissionais da alegria do divertimento, do consolo, fazemos a festa de todos. Que seria das reuniões, das comemorações, sem a música?Gostaria que você encerrasse contando da sua relação com o público.
Meu público foi e é uma das coisas mais divinas que Deus me deu. Eu tenho verdadeiro agradecimento para com eles. Eles me respeitam e me aceitam. Sou verdadeiramente grata a eles por tudo. Não seria nada sem eles. Tenho muito respeito por eles. Procuro sempre mostrar o que sou a eles porque também não deixam de ser como uma segunda família.
