A cantora britânica Jesuton desde 2012 vem conquistando cada vez mais espaço na música brasileira tanto por sua voz quanto por sua interpretação, além de protagonizar uma história interessante. Até chegar ao Brasil, onde deu start no desejo de fazer música, a artista passou por diversos países e absorveu influências musicais diversas. Jesuton ficou conhecida via internet por seus vídeos cantando em praças do Rio de Janeiro, depois a projeção nacional quando foi descoberta pelo apresentador Luciano Huck. Após três projetos onde mostrava seu talento como intérprete, inclusive num DVD em homenagem à emblemática gravadora Motown, e participações em trilhas de novelas, Jesuton lança seu primeiro trabalho autoral intitulado “Home”. A artista traz este novo projeto para o público de Fortaleza neste domingo, 27, na segunda edição do Ecléticos Livre Festival, no Parque do Cocó em apresentação gratuita e antes conversou com o Papo Cult. Confira: (Foto: Divulgação)
Papo Cult – É curioso. Mas por que você resolveu trocar a Inglaterra pelo Brasil? Como é viver de música em seu país, o Brasil era mais viável para você?
Jesuton – Eu acho que eu queria era explora o Brasil. Porque eu senti uma chamada desde vários anos. Há vários anos eu estava viajando pela América Latina e na faculdade sempre quis aprofundar meu conhecimento sobre América Latina. Então chegou o momento, queria morar no Brasil, não sabia por que, nunca havia ido, mas ouvi muita coisa bacana sobre o Brasil, mas acho que foi uma chamada espiritual, mas tinha certeza que queria chegar aqui e que ia dar certo, não tinha como saber isso mas foi uma chamada bem clara.
Papo Cult – No Brasil você cantava em praças até ser descoberta por um programa de TV. Gostaria que você falasse a respeito dessa experiência das ruas e até gravar o primeiro CD como foi esse caminho?
Jesuton – Cheguei no Brasil com essa ideia de explorar como viver da música. Não sabia como ia fazer isso mas foi um objetivo bem claro na minha cabeça. Antes eu vivi fazendo faculdade sobre Ciências Sociais e coisas que me interessavam, mas eu vi que existiu um grande falta na vinha vida realmente de dar espaço a essa questão da música. Cheguei aqui e eu queria cantar e achar um jeito. Só que, meus recursos chegando ao fim, não conhecia ninguém, não podia falar português, tinha opções limitadas. Mas acredito que quando você não tem mais tantas opções você fica mais criativo. Daí a coisa que eu podia fazer pra fazer amizades e conhecer outros músicos foi começar a cantar na rua, pra ganhar um pouco de grana, dar um pouco de tempo, entender como era a cena musical aqui e várias coisas. Só vi coisas legais também foi uma aula incrível como perfomer, como artista, saber como interagir melhor com o público as pessoas que estão passando que não têm necessidade de parar pra você. Então você tem um feedback imediato. Então essa experiência foi maravilhosa. Então por casualidade, sem desejo meu, as pessoas começaram a jogar videos meus na internet e foi uma viralização bem orgânica, eu não estava pensando, não estava com essa estratégia e aconteceu. Fui chamada pra o programa (Caldeirão do Huck), ganhei contrato com gravadora, entrei no estúdio e gravei meu primeiro CD com o Rodrigo Vidal que também tinha me visto na rua nessa época e daí tudo foi se encaminhando e já fazem 5 anos agora. Graças a Deus expandindo meus horizontes e fazendo coisas autorais hoje em dia.
Papo Cult – Você está com um novo trabalho, “Home”, que é totalmente autoral e até aqui novidade em sua carreira. Por que apenas agora e como está sendo mostrar ao público o seu lado compositora? Você conta com as participações de Dani Black e Seu Jorge. Como foram estas parcerias?
Jesuton – Eu acho que estou apresentando meu trabalho autoral agora porque simplesmente chegou o momento. Esse processo de construção do seu próprio som, as coisas de que você quer falar, com quem você vai trabalhar, leva uma vida. No meu caso levou uma vida. Eu cresci ouvindo R&B dos anos 90, misturado com indie rock´n roll, misturado com música intimista, depois coisas mais eletrônicas, pancadas, depois viajei por vários países em distintos continentes. São muitas influências muitas coisas que gostei que queria sintetizar numa forma ou outra. Sabia que não queria fazer uma coisa só. Acho que você precisa tempo, maturidade e muito apoio de pessoas talentosas pra criar um foco. Sempre fiquei escrevendo músicas desde cedo – letras pelo menos – criando melodias na minha cabeça. Mas nos últimos anos aqui no Brasil conhecendo pessoas-chaves como Bernardo Martins que compôs muito do disco comigo, MC Marechal, que me apoiou bastante; Mário Caldato Jr. que fez parte desse disco acontecer, produtor que conseguiu consolidar tudo, dando palavras de força e ter possibilidade de estar gravando com Seu jorge e também Dani Black. Levou muito tempo de construção, de amizade, confiança pra chegar no ponto quando eu tivesse uma coisa bem clara do que eu queria falar. Lembro que indo para o Circo Voador ver show do Keziah Jones bem no início de quando estava fazendo o disco. Ele estava escrevendo e eu perguntei qual o segredo de fazer um disco e ele falou que o segredo é fazer um disco como se estivesse fazendo um livro, cada capítulo tem de ter uma liga, tem de estar contando uma história do começo até o fim. E isto ficou comigo e dei muita importância a isso. Por isso meu projeto é assim. tem esse conceito central e espero que as pessoas possam ver essas ligas desde as cores no site até as letras no disco, até as batidas que escutam, até o meu jeito, tudo está lá por um motivo e por conta desse conceito central, uma alma que viaja, que está tentando achar seu lugar no mundo
e também tentar achar seu lugar dentro de si.
Confira o clip de Home, música que dá título ao CD autoral de Jesuton: