A Centopeia, uma das personagens mais famosas dos livros infantis brasileiros,vai ganhar um novo capítulo em sua história. É que prestes a completar 30 anos de lançamento, o livro infantil mais vendido do sociólogo mineiro Herbert de Souza, o Betinho, agora vira um filme de média metragem. O projeto é assinado pelos irmãos Paulo Spósito e Regina Souza, sobrinhos do autor e responsáveis pela direção geral. O lançamento nacional acontece neste sábado, 23, no Cineart Ponteio, em Belo Horizonte, com sessões gratuitas e abertas ao público, nos horários de 11h30, 12h15 e 13h, sendo esta última com exibição de Janela da Libras no próprio filme. A Zeropeia conta com patrocínio da Cemig e Governo de Minas Gerais, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. (Foto: Divulgação)
Com duração de 27 minutos, “A Zeropeia” será disponibilizado em DVD e tem legendas em português, inglês e espanhol, além de acessibilidade com Janela de Libras, para deficientes auditivose Autodescrição, para deficientes visuais. A trilha sonoraé outro carro chefe da história com músicas compostas por Vander Lee, Flávio Henrique, Chico Amaral, John Ulhoa e Affonsinho. Destaque também para os personagens do filme: a narração é do Contador de Histórias Roberto Carlos Ramos, o Leão Sérgio Pererê, a Centopeia Regina Souza, a Barata Marina Machado, o Boi Marku Ribas, o Macaco Maurício Tizumba, a Cobra Fernanda Takai, a Coruja Vander Lee e a Corujinha Laura Catarina. A animação é da Immagini Animation Studios.
O filme será disponibilizado em lojas físicas e virtuais, pelo preço único de R$30,00 (trinta reais)e estará à venda no dia do lançamento. Além disso,o público poderá acompanhar o trailer e alguns clips do filmenas redes sociais, gratuitamente. Após o lançamento em Minas, outros estados como Rio de Janeiro e São Paulo também terão exibição gratuita, segundo a organização, provavelmente, no segundo semestre deste ano.
PauloSpósito, diretor geral, produtor executivo e idealizador do projeto, conta que teve a ideia do filme em 2004 quando ele coordenavaa Campanha”Natal sem Fome”, do Betinho, na capital mineira. Na época, Reginateve a ideia de transformar o livro “A Zeropeia” em disco. Juntos eles produziram o CD “A Zeropeia” e a renda foi destinada à Campanha. “Desde então eu tinha vontade queo CD também virasse um DVD”. Ele conta que a ideia foi ganhando força, principalmente, quando ele percebeu o sucesso das músicas. Além disso, o livro “A Zeropeia” é muito usado como material didático pelas instituições públicas e particulares de todo o Brasil.Não só o livro, mas também o disco. “Todo mundo falava que as músicas eram muitos legais. E depois que minhas filhas nasceram isso foi ficando cada vez mais forte. Em 2014 resolvi tirar este projeto do papel”.
A produção do média-metragem aconteceu no final do ano de 2017 e início de 2018. “A Zeropeia é a primeira parte de um projeto maior que inclui transformar os outros dois livros da Coleção da Centopeia também em animação, já que o Betinho escreveu asequência dahistória. Para Paulo a história “A Zeropeia” é muito atual. “A criança aprende a conviver com as diferenças e se aceitar. Tem um conteúdo educacional muito forte”.
O DVD “A Zeropeia”conta um disquinho colorido, encarte de letras e ainda com um encarte de Jogos e Brincadeiras, em que as crianças poderão colorir os personagens do filme e brincar com caça palavras, jogos dos erros, ligue os pontos e muito mais.
“A Zeropeia é um dos livros mais vendidos do Betinho, mais que as publicações sobre sociologia e cidadania. Durante muitos anos, ele foi só um livro físico com as ilustrações e com o texto. Depois ele virou um CD de músicas infantis, umshow teatral produzido na épocapela Cia. Burlantins (Cia da qual faziam parte Regina Souza, Marina Machado e Maurício Tizumba). E agora, acompanhando a linguagem atual ele se torna uma animação”, reforça Daniel Souza, filho do Betinho. Ele complementa dizendo que quando o Paulo e Regina, seus primos, propuseram a realização do filme, ele viu a possibilidade de ampliar ainda mais a visibilidade da história. “A Zeropeiafala sobre a questão da diversidade, sobre a gente se aceitar como a gente é e não ser o outro. Por isso, quanto mais pessoas, crianças e escolas tiverem acesso, mais viva será a luta do Betinho, pela cidadania e respeito aos direitos humanos”. Daniel acredita ainda que seu pai teria adorado a ideia de fazer uma animação. “Onde quer que ele esteja ele deve estar feliz que uma história que começou com o livro infantil de algumas páginas, agora, terá uma animação super bacana”.
As músicas
Cantora, atriz e produtora, Regina Souza é responsável pela direção geral e artísticada animação. Foi dela a ideia inicial lá em 2004 de transformar o livro CD infantil, inspirada na Coleção Disquinho, da Continental, que trazia disquinhos coloridos, histórias infantis e música. “Eu adaptei a história e iniciei as divisões dos personagens. As primeiras pessoas que chamei para o projeto foram os compositores Vander Lee e Flávio Henrique. Hoje, ambos já faleceram, mas eu vejo como uma homenagem, inclusive para eles.Fui convidando os compositores e perguntando a música de qual personagem da história eles queriam fazer. O mais engraçado é que cada um escolheu um personagem diferente, não teve repetição. Depois convidei os intérpretes que deram voz aos personagens e às músicas. Compositores e intérpretes participaram do CD de forma solidária e não receberam cachê. Além disso, cada compositor também foi produtor de suas músicas. Fomos para o estúdio e lá eles fizeram os arranjos com a participação dos músicos que tocaram no CD e o Flávio foi o diretor musical”.
Regina conta que um detalhe importante na animação da Zeropeia foi manter os traços dos desenhos originais, feitos pela Bia Salgueiro. “A equipe da animação apenas atualizou o desenho original que é incrível”.
O filme também tem uma homenagem à Vander Lee. “Ele não tinha um personagem e foi o primeiro a abraçar o projeto. Compôs a música da Centopeia e a música final, aonde num simples verso sintetiza toda a história: todo mundo vai, todo mundo bem com as patinhas e as ideias que tem.Então fiz uma singela homenagem, criando um personagem para ele, que é o Papai Coruja, símbolo da sabedoria, e que aparece no filme com seus três filhos, três Corujinhas. Na época ele levou a Laura, sua filha do meio, quando tinha 9 anos, para participar da canção final. Então, ela é uma das Corujinhas. “Não deu tempo de homenagear o músico Flávio Henrique, o filme já estava sendo finalizado, mas a animação também é dedicada a ele, e está registrada no encarte do DVD”.
