Nazaré Flor, poeta, cantora, educadora, trabalhadora rural, líder comunitária e fundadora do Movimento da Mulher Trabalhadora do Nordeste (MMTR-NE). A história dessa mulher – que lutou desde cedo por educação, saúde e moradia para a sua comunidade – é retratada no filme Terra de Nazaré, de Shaynna Pidori, com pré-estreia no dia 27 de abril, às 18h30, no assentamento Maceió, localizado no município de Itapipoca (CE), terra natal da personagem. Haverá debate com a diretora e as mulheres da comunidade. O média-metragem foi contemplado pelo Rumos Itaú Cultural 2017-2018 e traz um retrato da situação social da mulher nessa região. Foto: Divulgação
A programação começa com dois espetáculos. O primeiro é de dança, com o Balanço do Coqueiro, às 16h30, e o seguinte, de teatro, com o Grupo Jovem de Apique, às 17h. Ambos homenageiam Nazaré. Margarida Pinheiro, companheira de ativismo dela nos movimentos sociais, também estará presente, antes da exibição, às 18h, para compartilhar com os presentes as experiências vividas ao lado da amiga. Depois do filme, a partir das 20h, acontece uma celebração à vida de Nazaré, com música e comidas feitas pelas famílias locais. Todas as atividades são ao ar livre, em frente ao Centro Comunitário de Apiques.
O documentário
Foi em 2005 que Shaynna encontrou com Nazaré pela primeira vez, quando estava filmando o longa-metragem Alvíssimas 7 mulheres do sertão, do qual era codiretora e Nazaré uma das personagens. Mas o filme não foi concluído. Em 2007, a fundadora do MMTR-NE faleceu aos 55 anos, três meses depois de ter descoberto um câncer no útero. Em 2017, 10 anos depois da morte dela, a diretora sentiu necessidade de utilizar o material de arquivo, com gravações de Nazaré, em outro projeto que partisse da perspectiva da mulher rural de Itapipoca, abordando a trajetória e o legado de Flor. Foi assim que Terra de Nazaré começou a ganhar forma.
A personagem era moradora da comunidade costeira de Apiques, no Assentamento Maceió (CE), criado na década de 1980 por meio de uma desapropriação de terra feita pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Depois de muitas batalhas, ela abriu os caminhos das mulheres do local, ajudando-as a terem oportunidades de contarem suas histórias e serem protagonistas da própria vida. Conseguiu mais acesso para a população, meios de locomoção, internet e conquistou o direito de ter uma escola com o seu nome: Nazaré Flor: Escola de Ensino Médio Maria Nazaré de Sousa.
Essas mesmas mulheres, inspiradas pela líder, continuaram o seu trabalho. “Você nota que a luta da Nazaré pela educação, pela terra, pelos direitos das trabalhadoras rurais – que não se aposentavam porque não tinham documentos –, pela superação da opressão na luta pelo assentamento de terras deu resultados”, diz a diretora. “Foi um trabalho de formiguinha o que ela fez.”
Com Shaynna, as moradoras escreveram uma proposta de roteiro e construíram a estrutura do documentário, a partir de oficinas realizadas por ela na comunidade. “Apresentamos o projeto do documentário no primeiro dia e elas decidiram quem ficaria para participar dos demais”, conta. “A ideia era misturar imagens de arquivo de Nazaré com essas novas, que gravamos com elas”, fala. “Para tanto, pedimos que reproduzissem cenas falando do cotidiano da Nazaré. Após uma dinâmica na qual as participantes levaram objetos que a simbolizavam ou a recordavam, gravamos os relatos.”
Serviço
Rumos Itaú Cultural 2017-2018
Terra de Nazaré
De Shaynna Pidori
Dia 27 de abril
Às 16h30
Homenagem à Nazaré Flor, com Grupo do Coqueiro
Às 17h
Espetáculo Viva Nazaré Flor, com Grupo Jovem de Apiques
Às 18h
Cerimônia de pré-estreia com Margarida Pinheiro
Às 18h30
Cerimônia de pré-estreia de Terra de Nazaré, com debate com a diretora e as mulheres da comunidade
Às 20h
Celebração em Terra de Nazaré, com música e venda de comidas pelas famílias locais
Local: Centro Comunitário de Apiques
Itapipoca (CE)
Gratuito
