Cleomir Alencar, bonequeiro e fotógrafo, e Tatiane Sousa, artista da cena e pesquisadora, ambos integrantes do Grupo Ânima, lançam neste sábado, dia 13 de fevereiro, a plataforma “Memórias Virtuais do Botar Boneco”. O acervo foi constituído a partir de pesquisa foto-etnográfica com grupos e artistas que fazem a cena bonequeira no Ceará. A investigação nasceu pelo desejo de dar voz as histórias que acontecem por trás do pano, com os artistas que dão ânima a bonecos e objetos que utilizam em cena. Essas narrativas compõem memórias sobre o fazer titeriteiro, revelando o encantamento do bonequeiro com o boneco e as formas de articulação e produção dos diversos bonequeiros da cidade. É também uma forma de registrar e divulgar essa arte, tipicamente cearense.
Agindo como alguém que escava memórias e discursos, traçaram, um percurso poético, etnográfico e documental, seguindo rastros deixados pela palavra e pela imagem e que resultaram na exposição que contém fotos e vídeos desses artistas.
Um dado curioso sobre a metodologia de pesquisa é o meio de transporte utilizado pelos pesquisadores: a bicicleta. Partindo sempre do ateliê do nima no centro da cidade de Fortaleza, as pedaladas saíram cruzando a cidade, em busca de compor uma cartografia do povo bonequeiro. Segundo, Tatiane Sousa “Tratava-se de produzir cruzamentos simbólicos, mais sobretudo gerar cruzamentos territoriais. A pesquisa, desde o começo, se propunha a ouvir o bonequeiro, espiar para dentro da empanada e construir um olhar sobre o ‘botar boneco’. No percurso de mais de 150 km pedalando, fomos percebendo que ela ganhava a cada visita, os contornos da alteridade, pois a partir das memórias de todos os bonequeiros, fomos olhando para nossa própria trajetória”.
A pesquisa, que teve curadoria de Henrique Dídimo, resultou numa coleção de cartões-postais distribuídos, gratuitamente, em centros culturais, museus, bibliotecas e teatros da cidade. Agora, o Grupo nima lança a plataforma virtual “Memórias Virtuais do Botar Boneco no Ceará”, com fotos e vídeos em que narrativas sobre a poética, as relações com a materialidade do objeto e memórias da trajetória artística revelam aqueles que animam os personagens atrás do pano.
A pesquisa foi realizada mirando os bonequeiros que vem trabalhando desde a década 1980 a 1990. “Nesse período houve uma intensa movimentação no cenário artístico da cidade. Procuramos quem vem desde lá se especializando, aprimorando e construindo esse cenário entorno do boneco”, explica Cleomir Alencar.
Os usuários que acessarem a plataforma virtual conhecerão os artistas: ngela Escudeiro, Augusto Bonequeiro, Graça Freitas (Grupo Formosura), Izabel Vasconcelos (Epidemia de Bonecos), Cristiano Castro (Bricoleiros), Eliézio Pereira (Calú Maravilha), Claudio Magalhães (Epidemia de Bonecos), Eliania Damasceno (Bricoleiros), Omar Rocha (Circo Tupiniquim) e João Andirá.
Esse material, aberto à população, visa suprir a carência de fontes de pesquisa sobre o tema e difundir o teatro de bonecos como patrimônio da cidade. “O blog vai ser este lugar, em que essas memórias estarão acessíveis, em forma de fotos, vídeos e ensaios etnográficos”, completa Tatiane.
O grupo Ânima completou 23 anos em 2021, e vem desenvolvendo trabalhos teatrais com bonecos, sombras e objetos.
O projeto é apoiado pela Secretaria Estadual da Cultura do Ceará, através do Fundo Estadual da Cultura, com recursos da Lei Federal nº 14.017, de 29 de junho de 2020 (Lei Aldir Blanc).
Serviço
Lançamento da plataforma virtual Memórias Virtuais do Botar Boneco no Ceará
Dia: 13 de fevereiro, sábado, às 16h.
Onde: Live no YouTube do grupo