Autor de clássicos da canção cearense, como “Os bêbados”, Marcus Dias lançou o disco “Lado a Lado” em 2020, dois anos após sofrer um AVC. O álbum tem 11 canções inéditas, compostas sozinho ou ao lado de parceiros como Isaac Cândido, Pantico Rocha, Pedro Frota, Alexandre Bastos, Bruno Perdigão e Thales Catunda (do Bloco Luxo da Aldeia). O disco foi escolhido o melhor de 2020, da cena cearense, pelo Prêmio Digital da Música Cearense.
“Enquanto a lua floresce, clareia, aumenta a saudade de outra estação / É quase como se eu fosse um canário cantando sozinho em pleno verão…”. Os versos da música “Outra estação”, de Marcus Dias, compositor cearense, autor de clássicos como “Os bêbados”, música cantada desde os anos 90 nos bares de Fortaleza, estão presentes no disco “Lado a Lado”, que o artista lançou em dezembro de 2020, com direito a um mini-doc/documentário, no Youtube, registrando os bastidores das gravações.
O álbum, disponível gratuitamente em todas as plataformas e em CD físico com pedidos pelo Whatsapp 85-99973-3054 e envio para todo o País, foi eleito o melhor disco lançado no Ceará em 2020, pelo Prêmio Digital da Música Cearense. A premiação é uma iniciativa do site Digital da Música Cearense, coordenado pelo compositor Pingo de Fortaleza, e contempla várias categorias, como melhor clipe (Matuê, “Cidade 2000”), melhor música (“País dos Sonhos”, de Carlinhos Palhano e Chapinha da Vela), melhor live (Waldonys), revelação (Luiza Nobel) e conjunto da obra (Evaldo Gouveia, em memória). A lista completa está disponível no site www.digitaldamusicacearense.com.br
O prêmio de melhor disco lançado no Ceará em 2020 coroa um trabalho feito a muitas mãos. A começar por familiares e amigos de Marcus Dias, que elaboraram o projeto contemplado no VIII Edital das Artes, da Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor), essencial para viabilizar o álbum. Indo além do que previa o projeto, a equipe viabilizou, em parceria com a produtora Comunik Filmes, do realizador audiovisual Helton Vilar, também o mini-doc/documentário, que traz entrevistas com Marcus Dias e vários participantes do projeto. Médicos do Coletivo Rebento atuaram voluntariamente na orientação para que todas as atividades, em tempos de pandemia, fossem realizadas com segurança e medidas preventivas.
Além de todos os parceiros citados, o disco traz arranjos de Caio Castelo (que também assina direção musical, mixagem e masterização) e Thiago Almeida. E as vozes de Davi Duarte, Marina Cavalcante, Pedro Frota, Isaac Cândido, Pantico Rocha, Edinho Vilas Boas, Bruno Perdigão (do Luxo da Aldeia), Nayra Costa. Ígor Ribeiro se destaca nas percussões e baterias, em várias faixas, com uma expressiva contribuição à estética das “canções de Orixás”, uma das vertentes do disco. Fernando Lélis brilha na flauta e Anfrísio Rocha ao violão. Thiago Almeida e Caio Castelo, como, além de arranjadores, multi-instrumentistas, são outro grande destaque.
O sétimo disco de Marcus Dias
Tal qual uma outra estação, o disco “Lado a Lado” vem cheio de vitalidade e poesia, demonstrando a pluralidade da música de Marcus Dias, conforme as 11 canções e uma faixa-bônus do disco, assinadas pelo artista sozinho (música e letra) ou divididas entre letras de Marcus (conhecido entre os parceiros e amigos por Marcão) e co-autores como Isaac Cândido, Pantico Rocha, Pedro Frota, Alexandre Bastos, Bruno Perdigão e Thales Catunda (do Bloco Luxo da Aldeia).
Considerados os três discos lançados em parceria com Isaac Cândido e os três em parceria com Pantico Rocha, trata-se do sétimo álbum de carreira de Marcus Dias. Mas também do primeiro em que ele cuidou diretamente de todas as etapas: da concepção do disco à seleção do repertório; da escolha dos intérpretes à aprovação dos arranjos. E também da capa e do pôster que acompanha o disco físico, com projeto gráfico assinado por Eduardo Freire, unindo as mãos de Marcus Dias, sua esposa, Ângela Serpa, e dos filhos Pedro e João – ou Pepê e Janjão.
Dos orixás a um alumbramento poético
Compondo um painel da multiplicidade das formas de Marcus Dias dizer as coisas, fazer música, escrever canções, o disco “Lado a Lado” traz várias vertentes da verve do compositor. Entre as quais duas se destacam.
Primeiro, as músicas que têm por tema os orixás, objeto de interesse e pesquisa por parte de “Marcão” há muitos anos, em canções mais das vezes ritmadas, ensolaradas, cheias de energia, como a inicial “Prece da rainha” (de Marcus sozinho, na voz do grande Davi Duarte, em interpretação magistral), o hit certeiro “Olodumaré” (de Marcus e Alexandre Bastos, primeira faixa de trabalho do disco, nas vozes de Marina Cavalcante e Pedro Frota, simplesmente irretocáveis), a melódica “Ewá” (de Marcus e Pantico Rocha, no doce registro de Theresa Rachel). Todas com arranjos de Caio Castelo, que toca todos os instrumentos, menos a percussão, em que recorre a Igor Ribeiro, digno de aplausos pelo trabalho no disco, e, em “Olodumaré”, os teclados, que ficam com Thiago Almeida.
O lirismo é a senha para a interesecção entre esse universo, dos orixás, e a segunda veia preciosa do disco: a das canções densas, poéticas, harmônicas, belíssimas, que convidam o ouvinte a um outro estado de espírito. A faixa que dialoga com as duas direções dessa vereda poética e musical é a intimista, densa, misteriosa, marítima, caymmica “Encontro com o mar”, de Marcus, Pedro e Isaac Cândido, em arranjo magistral de Thiago Almeida.
Nessa mesma trilha estão duas canções que já nasceram clássicas e que finalmente encontram seu registro em disco: “Outra estação”, premiada em festivais e no disco registrada na voz de Isaac Cândido, e “O tempo mudou de lugar (Pequeno príncipe)”, em interpretação especialíssima de Edinho Vilas Boas. Ambas de autoria de Marcus Dias, música e letra. Junto a “Pra visitar aldeias”, canção feita na quarentena por Marcus e Isaac, que a interpreta no disco, são três músicas que bastariam para justificar o lançamento do álbum e para fazer jus ao reconhecimento de seu autor como um dos grandes compositores do Brasil. Presentes de arrebatar. Jóias de sensibilidade, delicadeza e intensidade. Alumbramentos.
A voz do compositor, encerrando o disco
“O tempo mudou de lugar (Pequeno príncipe)”, aliás e a propósito, encerra o disco em uma faixa-bônus especialmente idealizada para registrar no álbum a voz do compositor. Trata-se de uma gravação feita antes do AVC sofrido por Marcus Dias na noite de Reveillon de 2019, seguido por uma grande onda de solidariedade e de redescoberta de sua obra, com shows coletivos, um novo site e o projeto para o novo disco. Com efeitos de Caio Castelo, é o próprio Marcão que encerra o álbum, com sua voz, sua violão, sua alma, sua filosofia, sua beleza, sua poesia: “Acho que entrei pela porta de trás do planeta (…) Trocando as horas por outros momentos, trocando o medo por conchas do mar, acho que o tempo mudou de lugar”.
Entre essas vertentes, momentos de diversidade, como a descontraída “A condução”, de Marcão e dos integrantes do bloco Luxo da Aldeia Bruno Rocha e Thales Catunda, brincando com as rimas e o eco em um convite a viajar musicalmente por Jericoacoara, pelo fim do mundo, até puxar o frei de mão e acabar com a confusão. A síntese do contido vocal de Bruno reforça a atmosfera agridoce, o lirismo da simplicidade, com arranjo de Caio Castelo.
Um salto e tanto em relação “Against all odds”, faixa com letra em inglês que, entre o reggae, o afrobeat e o gipsy jazz, traz a voz de Nayra Costa crescendo em meio aos múltiplos loops de guitarra de Caio. Em relação a “Lado a lado”, faixa-título, de Marcus e Pantico, que lembra os vocais de Frejat e traz mais um belo e pop arranjo de Caio.
E uma distância ainda maior da bela, densa, intrincada e desafiadora “Só”, em que Thiago Almeida presenteia o ouvinte com mais um arranjo misterioso, em si uma tela de cores intensas, estranhas, pessoalíssimas, com direito a bateria eletrônica, teclados, timbres, pausas, silêncios, sutilezas, como se o “homem só” a que se refere a letra cantasse sua vida e seu pedido de socorro, sozinho, no quarto, com os instrumentos e a vida que (ainda) tem à mão. Elis adoraria e cantaria ao lado de Isaac Cândido, como interpretou com Cauby o “Bolero de Satã”, de Guinga e Paulo César Pinheiro.
Para ouvir o disco e assistir ao mini-doc
O disco “Lado a Lado”, de Marcus Dias, já está disponível em todas as plataformas digitais, como Spotify, Deezer, i-Tunes/Apple Music, Soundcloud. O documentário/mini-doc com bastidores da gravação já está disponível no YoutubeMarcus Dias Compositor.
O mini-doc (documentário) traz bastidores da gravação do disco, com depoimentos de parceiros e intérpretes, além dos arranjadores Caio Castelo e Thiago Almeida. O vídeo é dirigido por Helton Vilar, da Comunik Filmes. A produção do disco e do mini-doc é de Marcus Dias, Angela Serpa, Dalwton Moura e Ana Maria Xavier, em um projeto apoiado pela Secretaria da Cultura da Prefeitura de Fortaleza, através do Edital das Artes 2019.
O novo álbum e o mini-doc se somam a outras iniciativas de organização, difusão e destaque da obra de Marcus Dias, como os diversos shows beneficentes realizados em 2019, depois do AVC sofrido pelo artista, e o lançamento do site www.marcusdiascompositor.com, em que suas músicas e poemas inéditos estão disponíveis para ouvir, ler e baixar. Como faz por merecer a obra de um dos maiores compositores do Ceará para o Brasil.
Serviço
“Lado a Lado” – Novo disco do compositor Marcus Dias. Diversos parceiros e intérpretes. 12 faixas. Apoio: Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor) – Prefeitura de Fortaleza – VIII Edital das Artes. Ao preço de R$ 30,00 o disco pode ser adquirido pelo whatsapp 85.99973-3054 ou pelo e-mail marcusdiascompositor@gmail.com, com envio para todo o Brasil. Disco já disponível gratuitamente em todas as plataformas. Documentário já disponível no Youtube Marcus Dias Compositor.