Os bonecos, espetáculos, cursos e oficinas do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste ganharam espaço de divulgação na campanha Conectando Patrimônios: redes de artes e sabores. Lançada no Ceará na última segunda-feira (26), a ação é realizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em parceria com comunidades detentoras. O objetivo é promover o Patrimônio Cultural Imaterial, incentivando a venda de produtos associados a bens registrados em todo o país.
Diante da situação de emergência em saúde pública, decorrente da pandemia do novo coronavírus, shows, apresentações e todo tipo de evento tiveram de ser adiados em todo o Brasil. Isto impactou o cotidiano de festas e rituais realizados por mestres e mestras de bens registrados como Patrimônio Cultural do Brasil. Neste cenário, essas comunidades buscaram alternativas para lidar com o isolamento social. O Ciclo do Marabaixo (AP), por exemplo, foi realizado por meio de lives e bailes do Fandango Caiçara tiveram transmissão on-line. Grupos de carimbó também realizaram rodas transmitidas pelas redes sociais.
Com o objetivo de criar um espaço de visibilidade para detentores e suas respectivas manifestações culturais, o site da campanha vai reunir coletivos de detentores de vários estados com os seus respectivos contatos de telefone e redes sociais. Quem se interessar, poderá entrar nas páginas virtuais dos coletivos e adquirir produtos desses grupos, como gêneros alimentícios e biojóias produzidas por indígenas do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro (AM), bem como livretos de artistas da Literatura de Cordel (CE e DF). A compra, o pagamento e a entrega dos produtos são realizadas diretamente entre o detentor e o comprador.
ARTE BONEQUEIRA NO CEARÁ
Registrado como Patrimônio Cultural Imaterial desde 2015, o Teatro de Bonecos Popular do Nordeste envolve criatividade, arte e tradição. Os bonecos recebem diferentes nomes, a depender do lugar: no Ceará e no Maranhão é Cassimiro Coco; na Paraíba é Babau; em Pernambuco e no Distrito Federal é mamulengo; no Rio Grande do Norte é João Redondo. Por meio da arte de bonecos, os mestres encenam histórias que refletem a cultura nordestina, trazendo enredos, música, linguagens e cores.
A arte bonequeira, muitas vezes, é passada de pai para filho. Em Icapuí-CE, Marcos Araújo, conhecido como Marquinhos Calungueiro, herdou o ofício de seu pai, o mestre Gilberto Calungueiro, e o ensinou a seu filho, Miguel Calungueiro, de sete anos. São três gerações que se dedicam a difundir a tradição e o encanto do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste.
“A parceria com o Iphan vai nos ajudar a desenvolver nosso trabalho no Teatro de Bonecos, que tem sido muito prejudicado nesse período de pandemia. Não podemos fazer apresentações com muitas pessoas, temos mantido nosso trabalho fazendo lives na internet”, ressalta Marquinhos Calungueiro. “A campanha Conectando Patrimônios vai nos ajudar a resgatar a nossa arte e nossa cultura para a salvaguarda”, complementa.
Visando promover a sustentabilidade de bens registrados como Patrimônio Cultural, a campanha é uma ação de salvaguarda inserida na Política Nacional do Patrimônio Imaterial que, em 2020, completou 20 anos de criação.
Para viabilizar a ação, as superintendências do Iphan nos estados mobilizaram coletivos de mestres e mestras que participam da ação. Mas a chamada continua. Os grupos que tiverem interesse em participar devem entrar em contato com a superintendência do Iphan no Ceará que dará os detalhes sobre como aderir à ação.
Serviço
Ação “Conectando Patrimônios: redes de artes e sabores”
Endereço: portal.iphan.gov.br/conectapatrimonios