O Festival de Teatro Virtual apresenta mais dois espetáculos da região Sul nesta semana, encerrando a agenda do local na programação. Habite-me teatro de máscaras, bonecos e dança, da gaúcha CIA 4, para maiores de 12 anos, ficará disponível no canal da Funarte no YouTube a partir das 18h30 desta quinta-feira, 7 de outubro. No trabalho, com música composta pelo belga Tuur Florizoone, um ser humano dá vida a sete personagens, convidando a pensar sobre a inconstância da matéria e a efemeridade do tempo. Na sexta-feira, no mesmo horário, a catarinense Dionísos Teatro exibe Limita-ações: as coisas que guardamos, para maiores de 14 anos. A obra revisa os 24 anos do grupo, em uma bricolagem de cenas com material cênico de mais de 20 espetáculos. Foto: Divulgação/ Fabr´ício Porto
A programação do Festival de Teatro Virtual tem 25 apresentações teatrais, de grupos e companhias das cinco regiões do País, voltadas ao público adulto e infantil. As montagens foram premiadas pelo edital Prêmio Funarte Festival de Teatro Virtual 2020. Um novo projeto é divulgado todas as quintas e sextas, até o final de outubro, sempre a partir das 18h30. Os vídeos ficam disponíveis para acesso posterior, em: bit.ly/FestivaldeTeatroVirtual.
“Habite-me teatro de máscaras, bonecos e dança”
A obra Habite-me teatro de máscaras, bonecos e dança utiliza o corpo humano marionetizado e o boneco animado, em um espaço que busca representar a efemeridade do tempo, a inconstância da matéria e o sentido de pertencimento e habitação no mundo. Na história, um ser humano vai dando vida a sete personagens, com máscaras, bonecos e dança. A música que guia a narrativa foi criada especialmente para o espetáculo, pelo músico belga Tuur Florizoone. Já a criação dos bonecos foi feita por Emilie Racine, da companhia teatral canadense Territoire 80.
Em agosto deste ano, Habite-me também venceu o Prêmio APTR de Espetáculo Adaptado Editado, concedido pela Associação dos Produtores de Teatro. Carolina Garcia, que atua no espetáculo e fez a pesquisa para a montagem, comenta sobre o trabalho de adaptação da arte ao período que estamos vivendo.
“Receber o prêmio ATPR foi uma feliz surpresa, em meio a esses planos de adaptação da arte, entendendo a maneira híbrida de lidar com os conteúdos que a gente tem no teatro. O teatro é a arte da presença, do encontro. A gente busca formas para que o que a gente realiza no teatro possa ser adaptado e chegar a encontrar as pessoas em uma plataforma on-line”, diz Carolina Garcia.
A adequação de Habite-me para o on-line, explica Carolina, foi uma oportunidade de enxergar a obra em uma outra linguagem e de chegar a mais pessoas, além da possibilidade de oferecer recursos de acessibilidade, como audiodescrição e legenda. “Acredito que tenha sido muito produtivo, no âmbito da pandemia, a gente ter aproveitado essa oportunidade para entender que o espetáculo também funciona dessa forma.”
“Limita-ações: as coisas que guardamos”
Já Limita-ações: as coisas que guardamos é uma espécie de bricolagem da história da companhia Dionísos Teatro, com 24 anos de trajetória. O ponto de partida foi o novo espaço que guarda o material cênico do grupo: a garagem da casa do diretor Silvestre Ferreira. Para se manter em meio às restrições impostas pela pandemia, a Dionisos Teatro precisou vender a sede que ocupava desde 2001. Todo o material de cena, de um repertório de mais de 20 espetáculos, precisou ser reduzido para caber no novo local. O grupo, então, construiu uma obra artística que teve o processo criativo pautado nessas “limita-ações”.
Seguindo a linha de trabalho já consolidada na companhia, de construção dramatúrgica dentro da cena, por meio da ação dos atores-criadores-compositores, o disparador da montagem foi o trabalho individual de criação de cenas de cada ator. Após essa criação inicial, os atores entraram em contato com os trabalhos uns dos outros e, com a intervenção da direção, essas cenas tiveram suas “limita-ações” cruzadas.
“Na pandemia, o vírus veio carregando tudo. Das coisas que guardamos, restaram figurinos, personagens, acessórios, panfletos, instrumentos e coisas que nem sabemos o que são. Todas numa garagem-depósito. No teatro do mundo on-line, os atores contam histórias das ‘limita-ações’ possíveis nesse espaço-tempo. Das coisas que guardamos é quase uma desmontagem de um grupo com 24 anos de existência, quase uma bricolagem de cenas, quase um cenário inteiro, quase um teatro”, diz a sinopse.
Os vídeos ficam disponíveis em: bit.ly/FestivaldeTeatroVirtual. Na semana que vem, o festival inicia a agenda do Centro-Oeste, fechando a programação.
