Antonio Nóbrega, multiartista pernambucano com 51 de seus 71 anos de vida dedicados às artes, em especial à cultura popular, traz este mês, a Fortaleza, “Mestiço Florilégio”, espetáculo que estreou em 2022 em Coimbra, Portugal, celebrando cinco décadas de carreira artística. Será única apresentação no dia 30 de março, às 21h, no Theatro José de Alencar, como parte da programação da XIV Bienal Internacional de Dança do Ceará que acontecerá de 28 de março a 7 de abril, com acesso gratuito a toda a programação. Ator, dançarino, instrumentista e cantor, Antonio Nóbrega foi homenageado recentemente, no Carnaval de 2024, pela Escola de Samba Unidos do Porto da Pedra, do Rio de Janeiro, pela sua representatividade em relação à cultura popular brasileira. Foto: Fábio Alcover
“Mestiço Florilégio” é uma criação de Antonio Nóbrega e Rosane Almeida, sua companheira de vida e de arte. Os poetas românticos tinham o hábito de empregar as palavras florilégio e ramalhete com o significado de reunião ou antologia de poemas. Como o nome sugere, é um espetáculo multidisciplinar constituído de canções, interpretações instrumentais, cenas teatrais, cinematografia e peças coreográficas criadas e interpretadas pela dupla de artistas ao longo de 40 anos de história artística comum.
A base referencial do trabalho de Nóbrega e Rosane está no mundo cultural popular brasileiro. Foi a partir dos cantos, danças, formas poéticas, mitos, gêneros musicais, ritmos etc., vivenciados e estudados desse universo cultural que criaram espetáculos como Brincante, Nove de Frevereiro, Rima, Marco do Meio-dia, entre outros.
Mestiço Florilégio revela, também, que no Brasil o arcaico e o moderno podem se fundir através do exercício do princípio da complementaridade. Ou seja, a fusão dos opostos se mostra um dos elementos integradores mais importantes que o país dispõe para a construção de sua cidadania cultural.
“É um espetáculo que se insere no contexto de afirmação e promoção de uma arte e cultura mestiça brasileira cujas bases e matrizes se fundaram e se desenvolveram no estrato sociocultural classes subalternizadas brasileiras, onde se encontravam os negros, os indígenas, os brancos das classes desarrendadas portuguesas, mestiços e pobres de toda ordem”, afirma Antonio Nóbrega. Com esse trabalho, os artistas esperam contribuir para uma visão não folclorizante da cultura popular brasileira e propor caminhos através dos quais ela possa dialogar com a cultura contemporânea.
Serviço
“Mestiço Florilégio”, de Antonio Nóbrega – Dia 30 de março, às 21h, no Theatro José de Alencar, como parte da XIV Bienal Internacional de Dança do Ceará.
Acesso gratuito.
Mais informações no site www.bienaldedanca.com e no Instagram @bienaldedanca ou bienaldedancace@gmail.com.