A exposição Arapuca, dos artistas visuais Ricardo Siri e Deborah Engel, ficará em cartaz até sábado, 06 de julho, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica. A mostra coloca em evidência as as intrincadas teias da vida cotidiana e da criatividade compartilhada. Juntos há 27 anos, é a primeira vez que assinam uma exposição em conjunto. Com a curadoria de Marcello Dantas e inspiração na proposta artística dos penetráveis de Hélio Oiticica, as obras de até 5 metros convidam o público para integrar de modo ativo as arapucas dispostas pelo espaço. Entrada gratuita. Foto: Rudy Huhold.
“Em uma arapuca, você tem que participar. Quando conheci a Deborah, não foram dois egos que se encontraram, foram duas pessoas que fizeram do encontro a construção de uma história. É essa construção que sustenta a nossa arapuca. Ela simboliza não apenas as armadilhas e desafios que a vida a dois pode apresentar, mas também a beleza das interconexões e do trabalho conjunto”, explica Siri sobre a relação entre casamento e o título da exposição. Juntos, eles abriram o ateliê “Duplex” em 2023, elegendo esta exposição como precursora da nova fase de criações.
Cada peça é uma metáfora visual do entrelaçamento da trajetória pessoal e artística de ambos, refletindo os momentos de captura e liberdade, de tensão e harmonia. Uma das obras tem como ponto de partida um espelho que reflete a imagem do espectador, propondo um diálogo interno e pessoal sobre os riscos do aprisionamento do ser pelo próprio ego humano. Outro destaque vai para a instalação de uma cama de casal no centro da arapuca com um vídeo de SIRI e Deborah projetado. O casal tem flores nas mãos e arrancam as pétalas em uma brincadeira de “bem me quer, mal me quer”.
“Colocamos uma nota do piano para tocar em sintonia com cada pétala que é arrancada, formando uma música. No final, há um reverse no vídeo, as pétalas voltam e uma nova música é formada”, explica Deborah Engel sobre a criação. “É uma referência sobre o ritmo da vida, sobre a dança do desejo e a arapuca da atração”, completa.
O curador Marcello Dantas chama a atenção para a complementaridade das obras de Siri e Deborah nesta primeira exposição em conjunto. Para ele, que há 5 anos começou a observar o diálogo entre as duas práticas artísticas, Deborah traz obras sobre o olhar e suas transformações, enquanto a obra de Siri propõe um desconectar e um engajamento entre as pessoas e as espécies – referindo-se aos trabalhos do artista com abelhas.
“Essa é a primeira colaboração entre práticas distintas que se influenciaram durante muito tempo e agora se transformam numa obra para fisgar o público literalmente. O trabalho do SIRI é a arapuca e o da Deborah é a isca. A Deborah te distrai enquanto siri te coloca dentro de uma situação”, destaca Marcello Dantas.
O curador ainda chama a atenção para o aspecto metafórico das obras que utilizam a potência da arte para falar sobre os relacionamentos humanos e sobre a necessidade de encontrar um ninho, tema frequente nas obras de SIRI. “De certa forma nós queremos nos aprisionar, há um desejo latente nas pessoas de se aprisionar em alguma coisa. Há um desejo de encontrar esse ninho”, acrescenta.
Além de uma celebração do amor e da parceria, Arapuca é uma homenagem à resiliência e à capacidade de transformar os desafios em arte e beleza. A ideia é convidar o público para participar do diálogo visual sobre a vida compartilhada e as tramas da vida moderna.
Serviço
Exposição Arapuca
Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica
Rua Luís de Camões, Praça Tiradentes, 68 – Rio de Janeiro – RJ
Até o dia 6 de julho
Horários: 12h às 20h – 2ª, 4ª e 6ª; 10h às 18h – 3ª, 5ª, sábado e feriados
Gratuito
Classificação Livre