O projeto Jazz em Cena tem sua edição de fevereiro no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB Fortaleza), neste sábado, 22, às 19h, com a cantora Idilva Germano, apresentando o show inédito “Pra machucar meu coração”, ao lado de grandes instrumentistas, em uma homenagem ao samba-canção, inspirada no livro de Ruy Castro “A Noite do Meu Bem”, em um show que ao mesmo tempo abre espaço para a improvisação, característica do jazz.
Idilva contará com direção musical e adaptação de arranjos feitas pelo maestro Luciano Franco, que também tocará violão no show, e com outros grandes instrumentistas: Tito Freitas (piano), Ezequiel Ribeiro (contrabaixo acústico) e André Benedecti (bateria). Marcos Maia, violonista e professor, faz participação especial. A seleção de repertório é de Idilva Germano, a partir do livro, em diálogo com Luciano, e inclui super clássicos como a faixa-título do show e “Inquietação”, ambos de Ary Barroso, “Só louco” (de Dorival Caymmi), “Caminhos cruzados” (de Tom Jobim e Newton Mendonça), “Outra vez” (de Tom), Eu a brisa (de Johnny Alf), “Beijo partido” (de Toninho Horta) e “Acaso”, de Ivan Lins e Abel Silva. Também criações do mestre Tito Madi (“Não diga não” e “Cansei de ilusões”), entre outras possíveis canções.
“O livro contextualiza o surgimento do gênero que está no coração da nossa música popular e que se tornaria universal, tocada e cantada aqui e no mundo todo por várias gerações. A força dessa música com o público é tamanha que hoje ainda cantamos e nos emocionamos com os sambas-canção pioneiros dos anos 1920 e 1930, ainda não classificados como tal, criados por Ary Barroso, Vadico e Noel Rosa”, destaca Idilva Germano.
“No auge do gênero, entre 1945 e 1965, acompanhando o surgimento das boates e o novo ambiente intimista dos shows musicais, são criados os maiores clássicos do samba-cancão, por outros gênios, como Dorival Caymmi, Lupicínio Rodrigues, Herivelto Martins, Tom Jobim e Newton Mendonça, Johnny Alf, Tito Madi… A lista é imensa e fico pensando como o país conseguiu produzir tanta beleza décadas a fio”, ressalta Ruy Castro. “Após 1965, o gênero continua forte, mas deixa de ser nomeado como samba-canção, sendo incorporado sem necessidade de rótulos à criação de compositores como Chico Buarque, Cristóvão Bastos, João Bosco, Ivan Lins e muitos outros. Enfim, ao que chamamos a MPB”.
“O samba-canção tem origem no samba de andamento rápido, sincopado, próprio para se dançar e se esbaldar nos carnavais e que fazia a festa nos cassinos (antes de sua proibição em 1946 ), bailes e auditórios, acompanhados de orquestras completas e cantado a plenos pulmões. No cenário que se seguiu ao fechamento dos cassinos e emergência das pequenas ‘caixas’ escurinhas – as boates cariocas – surgem os sambas ‘românticos, intimistas, confessionais’, com frases musicais ‘longas e licorosas, perfeitos para serem dançados como samba, mas devagarinho, com o rosto e o corpo colados'”, enfatiza o escritor. Suas letras pareciam narrativas “que contavam uma história”, quase sempre um “caso de amor desfeito”.