A exposição Rio São Francisco: Ocupação e Transposição, do artista plástico e geólogo cearense Francisco Ivo, fica em cartaz no Espaço Cultural Corrreios com visitação gratuita até 1º de março. Foto: Divulgação
Com 33 obras em óleo sobre tela produzidas de 2016 a 2018, a exposição retrata o percurso histórico-social do rio em imagens que traduzem a exuberância da natureza e os processos de ocupação e exploração do São Francisco pelo homem, culminando no controverso projeto de transposição de suas águas.
Os quadros ajudam o visitante a compreender as transformações no Velho Chico ao longo dos 2.700 km de sua extensão, desde a nascente, em Minas Gerais, até a foz, entre Alagoas e Sergipe.
A beleza de cânions, cachoeiras e a diversidade da fauna e da flora da área são retratadas por Francisco Ivo, que também destacou os ciclos de desenvolvimento socioeconômico que se alternaram e acabaram cobrando um alto preço ao rio. Obras como “Máquina imperial”, “Pontes do Velho Chico”, “Luz para todos” e “Transposição” chamam a atenção para os efeitos do progresso sobre o equilíbrio ambiental da região.
A formação em Geologia do artista radicado em Niterói (RJ) confere um tom especializado às pinceladas vívidas e coloridas. Nas telas “Lajeados e Bromélias”, “Nascentes de Guaramiranga” e “A Corte”, por exemplo, Francisco Ivo explica que a diversidade observada na bacia hidrográfica só foi possível graças à complexidade dos relevos e aos múltiplos habitats gerados durante uma longa história geológica, climática e biológica.
A obra “Antropoceno – O grito de um rio”, por sua vez, reflete o momento geológico em que vivemos: o homem atuando como força capaz de modificar o meio ambiente e alterar o clima do planeta. O artista explica que, após sofrer agressões, o São Francisco chega à foz já debilitado e sem maior capacidade para enfrentar o mar, cujas águas avançam continente adentro, erodindo suas praias e salinizando as águas do rio.
Em “Solstício”, o visitante se depara com a luz intensa que pinta de dourado os cânions do Xingó, em Sergipe. Os solstícios estão relacionados ao esoterismo e, para muitas culturas, têm um simbolismo importante, representando a vitória da luz sobre a escuridão. Assim, a obra “Solstício” destaca a luz sobre o São Francisco, compreendida metaforicamente como a chegada de “novos tempos”, de recuperação e preservação.
Serviço
Exposição Rio São Francisco: Ocupação e transposição
Visitação: de 10 de janeiro a 1º de março, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h
Espaço Cultural Correios
Rua Senador Alencar, 38, Centro – Fortaleza
Entrada gratuita