No mundo tecnológico onde se vive, em que as redes sociais estão consolidadas como um meio de interação e a internet tornou-se imprescindível, há uma espécie que evolui também rapidamente: os robôs. E não é de agora. Há 101 anos, por ocasião de uma peça teatral em Praga, foi criada a palavra ‘robô’. Desde então, essas criaturas têm ocupado as mais diversas esferas sociais – do cinema à literatura, das artes plásticas à indústria, do entretenimento à inteligência artificial. E, para contar um pouco desta rica história, está em cartaz no Centro Cultural Oi Futuro, no Flamengo, no Rio de Janeiro, a exposição “100 anos de robôs”, que celebra o centenário dos robôs, sintetizando, de forma lúdica e criativa, sua presença no imaginário social e na arte. A curadoria é assinada pelo artista visual ZavenParé, que trabalha com ‘MachineArt’, inventou a marionete eletrônica na década de 1990 e possui obras representadas em coleções e arquivos.
A mostra inaugura uma colaboração inédita entre três artistas que, até então, só haviam trabalhado em duplas independentes, em parcerias de projetos curatoriais, apresentação artística e cenografia. São eles: ZavenParé (artista, pesquisador e curador), Fred Paulino (artista, curador e produtor cultural – responsável pelo projeto Gambiologia, e Sérgio Marimba (artista e cenógrafo, reconhecido por seu trabalho no Carnaval do Rio).
Também participam da exposição três artistas estrangeiros: o belga Patrick Tresset, com seus robôs desenhistas, que fazem retratos dos visitantes a serem, progressivamente, instalados na parede da galeria durante o período expositivo; o canadense Samuel St-Aubin, que apresenta os robôs do cotidiano, que executam tarefas banais relacionadas ao dia a dia nas residências das pessoas; e Dmitry Morozov, com vídeos de esculturas mecânicas em funcionamento.
Zaven destaca a presença dos robôs no imaginário das pessoas: “as criaturas artificiais sempre estiveram presentes na imaginação dos homens. Mas, para se consolidar a figura do que hoje consideramos um robô, muito tempo se passou. Suas origens estariam em Frankenstein, o ‘Prometeu moderno’, personagem do romance de Mary Shelley, publicado pela primeira vez em 1818. Porém, foi a peça de KarelČapek, R.U.R. – Rossum’s Universal Robots –, em 1921, que inaugurou não apenas a aparição em cena de seres artificiais, como também fixou o neologismo ‘robô’”.
“Com a exposição 100 anos de robôs, o Oi Futuro convida o público a refletir sobre a história dos robôs e de suas representações na cultura. Ao abrir essa cápsula do tempo, o Oi Futuro pretende inspirar uma visão crítica e transformadora sobre a tecnologia, buscando soluções para construir novos futuros para todos, que é o propósito do instituto”, diz Victor D’Almeida, gerente de Cultura do Oi Futuro.
O público vai poder ver, ainda, em “100 anos de robôs”, nas Galerias 1 e 2 do Oi Futuro: a história dos robôs no imaginário e na sociedade,da literatura aos eletrodomésticos; os robôs nas artes, no artesanato e na indústria, com o tema ‘ArsIndustrialis’ – que trata do progresso industrial e das vanguardas artísticas que sempre acompanharam o desenvolvimento tecnológico, mas que, com suas habilidades, ajudaram as pessoas aprenderem mais sobre si mesmas; linha do tempo, que conta a história dessas criaturas, em um mural com extensão de 8 metros, inspirado em ‘quadros de detetive’, contendo documentos originais, fac-similes, desenhos e anotações – a história da robótica desde 2500 A.C. até os dias atuais; acervos particulares inéditos, com cartazes, livros, fotografias e documentos originais de material histórico; além de coleção pessoal de 100 robôs de plástico do tipo ‘Mecha’ – acervo do cenógrafo Marimba, coletado durante décadas; e um conteúdo audiovisual diverso com imagens em movimento sobre o universo dos robôs, makingof de laboratórios de robótica, peças de teatro, reportagens, entre outros.
“Os robôs têm 100 anos, mas mal se sustentam nas duas pernas. O que realmente sabemos sobre eles? Na cultura popular, têm sido retratados como personagens de ficção científica, em um futuro sempre distante. Mas será que esse futuro não está mais próximo do que se pode imaginar?”, deixa no ar o curador, para que os visitantes reflitam a respeito.
“A exposição tem bastante conteúdo. É um privilégio poder compartilhar um pouco da minha experiência no Japão, com meu acervo que reuni ao longo dos anos. Vamos entregar uma exposição de alto padrão de qualidade e isso me deixa muito feliz. Acredito no impacto local da mostra. Se uma criança entra no espaço e se surpreende, isso para mim já é o suficiente”, afirma ZavenParé, que apresenta fotos instantâneas (Polaroids) raras dos bastidores de laboratórios de testes de robôs em Universidades no Japão.
Alguns destaques de “100 anos de Robôs” prometem chamar a atenção dos visitantes: o robô foca bebê Paro para fins terapêuticos, que desperta respostas emocionais em pacientes de hospitais e casas de repouso, uma cortesia do Consulado Geral do Japão no Rio de Janeiro; ‘Instalação robôs domésticos’ – uma ‘família’ de cinco robôs aspiradores em funcionamento durante todo o período expositivo, em uma sala mobiliada e temática que remete a uma residência familiar; ‘Vídeo-caleidoscópios: robôs industriais’ – dois caleidoscópios gigantes com a exibição de vídeos de linhas de produção industrial – robótica; ‘Robôs e artesania’ –conjunto de quadros inéditos em madeira criadas pelo artista mineiro Daniel Herthel; ‘Instalação: robôs desenhistas’ – três ‘drawingrobots’ criados pelo artista belga Patrick Tresset, que desenharão, de forma autônoma, os rostos dos visitantes da exposições; ‘Robôs artísticos do cotidiano’ – esculturas mecânicas, com ou sem utilidade prática para a vida caseira, do jovem artista canadense Samuel St-Aubin, expoente da arte robótica; e ‘Robôs artísticos abstratos’ – vídeos de três esculturas mecânicas em funcionamento, criadas pelo artista russo Dmitry Morozov, conhecido como ::vtol::.
Serviço
Exposição “100 Anos de Robôs”
Curadoria: Zaven Paré
Abertura: 20 de abril, quarta-feira
Horário: a partir das 11h
Visitação: de 20 de abril a 19 de junho de 2022
De quarta a domingo, das 11h às 20h
Local: Centro Cultural Oi Futuro
Endereço: Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo, Rio de Janeiro – RJ
Entrada gratuita