A Associação Cego Aderaldo Arte e Cultura através da Prefeitura Municipal de Quixadá por meio da Secretaria de Cultura/Fundação Cultural e Casa de Saberes Cego Aderaldo, promovem neste sábado, 25, mais uma edição do Festival de Violeiros em homenagem aos 144 anos de nascimento do maior poeta popular do nordeste brasileiro, Cego Aderaldo. O Festival acontece há mais de 30 anos e é um dos mais importantes e tradicionais festivais de viola do Nordeste.
A cantoria de viola é um bem cultural de maior tradição do nordeste brasielrio, a poesia improvisada que nasce ao som da viola, tem características bem semelhantes aos trovadores portugueses. Uma poesia que nasce do conjunto de saberes e fazeres bem próximos do barro do chão, da lida diária do homem sertanejo e sua luta pela sobrevivência. Uma poesia pautada por rimas e motivos diversos de acordo com o tema e o desafio. E Cego Aderaldo é uma fonte de inspiração permanente para os violeiros-cantadores e seus repentes
De acordo com o idealizador e coordenador do evento, o poeta e repentista Guilherme Calixto, Cego Aderaldo é o mito da profissão de cantador, pois incentivou indiretamente através do seu talento as gerações que o sucederam no ofício da cantoria. “Um dos poetas que mais divulgou nossa cultura e nossa cidade. Para nós é uma alegria e uma honra poder homenagear com este Festival, o poeta imortal.”
O Festival contará com uma programação que terá início às 16h com o “Louvor ao Poeta Cego Aderaldo” em frente a estátua que o homenageia no Terminal Rodoviário de Quixadá. E às 19h na Praça José de Barros, em frente a Casa de Saberes Cego Aderaldo, acontece o Festival que irá reunir os melhores repentistas do Estado e contará com a participação especial de Ivanildo Vila Nova, Gerado Amâncio, Guilherme Calixto e José Cardoso.
O Poeta Cantador
Aderaldo Ferreira de Araújo nasceu na cidade do Crato em 24 de junho de 1878, porém ficou conhecido como “Cego Aderaldo” o poeta popular que se destacou por por sua rapidez no improviso de rimas e repentes. Aos 18 anos sua vida se transforma radicalmente com a morte do pai e quinze dias depois com a perda de sua visão.
Devido ao seu talento para cantar é incentivado pela mãe a tentar ganhar algum sustento como cantador e improvisador. Ganha um cavaquinho e passa a aventurar-se pela cidade, angariando trocados com os versos que entoa. Com a morte de sua mãe, Aderaldo começa a viajar pelas cidades cearenses percorrendo praticamente todo o estado, além de localidades no Piauí e em Pernambuco.
Em 1914 na cidade de Quixadá, trava uma peleja com o cantador Zé Pretinho, o que lhe torna bastante famoso na região. Nestas suas andanças fugindo da seca parte para Belém do Pará e lá amplia ainda mais a sua fama de cantador. Em 1923 vem morar na cidade de Juazeiro, onde conhece Padre Cícero e alguns anos depois Lampião, para quem improvisa um repente após ganhar uma garrucha.
Em 1932, na procura de outras alternativas que lhe garantam a sobrevivência, ganha um gramofone e um projetor de filmes e com eles para viajar pelas cidades realizando exibições, porém percebe que seu maior talento está no canto e nos improvisos, e desiste da empreitada. A partir de 1945, deixa de aceitar desafios, por se considerar muito velho. Porém sua fama corre o Brasil e Aderaldo participa de uma festa na prefeitura de Fortaleza, em 1946, e ainda viaja, pela primeira vez, ao Rio de Janeiro, no ano de 1949.
A pedido de uma rádio paulista, segue para São Paulo, onde chega a ser convidado a tocar no Palácio do Governo, para políticos e personalidades importantes da época. Deixando 24 filhos de criação, o cantador morre em 1967 aos 89 anos na cidade de Fortaleza.
Serviço
Festival de Violeiros em Homenagem a Cego Aderaldo
Dia 25/06
Local: Terminal Rodoviário de Quixadá e Praça José de Barros, em frente a Casa de Saberes Cego Aderaldo, Quixadá – Ceará.