O Teatro do Cuca Mondubim se prepara para receber uma experiência única de som e teatro com o espetáculo “Vulcão Anastácia – O Concerto” nos dias 18 e 19 de maio, às 19h. Com entrada gratuita, o espetáculo dirigido pela multiartista Amandyra traz para o palco uma explosão de emoções de um corpo racializado. Vozes e sons ressoam pela boca de atores/músicos que investigam e inventam falas possíveis através da referência de Anastácia, hoje símbolo de devoção e fé. As apresentações contam com a presença de intérpretes de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) proporcionando acessibilidade a todos os espectadores.
“Vulcão Anastácia – O Concerto” presenteia público com vozes e ritmos da “jazzpora”, uma junção das palavras jazz e diáspora, que fala e reflete de onde vem o ritmo e os caminhos da música negra. No palco, cinco performers, em sua maioria pessoas negras e provenientes das periferias de Fortaleza, mergulham na investigação e criação de textos para dar vida à Anastácia. Inspirado no conceito de Jam Sessions, típicas improvisações musicais do jazz, o espetáculo é uma mescla envolvente de música, teatro e performance.
“O que proponho neste intercâmbio não é somente a criação e pesquisa de uma performance sonora, mas sobretudo, realizar uma escuta coletiva de sons inventados a partir das memórias que nos cercam, possibilitando novos rumos à história de figuras negras através deste sampleamento criativo. A nossa vontade não é representar Anastácia, silenciada, mas uma Anastácia livre, sem máscaras, com microfones, com muitos instrumentos, com muitos textos, com corpos efusivos num ritual de som”, explica Amandyra, diretora e performer do espetáculo Vulcão Anastácia.
Durante as apresentações, os espectadores poderão desfrutar de músicas executadas ao vivo, em um verdadeiro show que conta com todos os elementos que compõem uma experiência musical intensa. Vulcão Anastácia traz à tona a importância da voz e do som na história dos povos negros e nativos, ressaltando que a boca sempre foi e continua sendo um lugar de ameaça e um portal para a memória cultural e uma ferramenta de luta contra o silenciamento.
A personagem Anastácia, também conhecida como Escrava Anastácia, é uma figura histórica que viveu no século XVIII. Nascida em Pompéu (MG), Anastácia é retratada no imaginário popular como uma mulher escravizada de beleza singular, de olhos azuis, cujo senhor se sentia atraído. Por ter recusado as investidas dele, foi sentenciada a usar uma máscara punitiva de ferro, uma máscara de flandres. Anastácia é hoje símbolo de fé e devoção e homenageada no dia 12 de maio, dia de seu nascimento, pelos católicos brasileiros. Sua figura também é lembrada entre umbandistas e espíritas.
“Se Anastácia estivesse viva ou falante nesse século de hoje, ela conheceria todos os tipos de ferramentas de ampliação da voz que existem: as imagens, os textos, os sons, os instrumentos, absolutamente tudo. A gente tenta trazer uma polifonia dessas linguagens justamente para quebrar com esse silenciamento que matou Anastácia. Esses instrumentos, essas imagens tomam lugar da narrativa da máscara de flandres”, conclui Amandyra.
O espetáculo “Vulcão Anastácia – O Concerto” é apoiado pelo XII Edital Incentivo às Artes fomentado pelo Governo do Estado do Ceará através da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (SECULT-CE).
Sinopse
O Vulcão Anastácia – O Concerto é uma performance sonoro-musical sobre as erupções sônicas de um corpo racializado. Anastácia, símbolo de devoção e fé, é a entidade central do show. Em cena, performers e musicistas investigam e inventam vozes, sons e textos possíveis de uma “Jazzpora”, a partir do conceito de improvisos.
Serviço
Vulcão Anastácia – O Concerto
Datas: 18 e 19 de maio
Teatro do Cuca Mondubim
Horário: 19h
Classificação: 14 anos
Gratuito
*As duas apresentações contam com a presença de intérpretes de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) proporcionando acessibilidade a todos os espectadores.