No dia 27 de abril acontece a Copa Nordeste de BMX, em Salvador – Bahia. Trata-se de um dos mais tradicionais eventos do calendário nacional reunindo atletas, pesquisadores, gestores, patrocinadores e dirigentes de diversos locais do Brasil.
O BMX ou Bicicross nasceu nos anos de 1950 na Europa; foi popularizado nos EUA na década seguinte através da indústria cultural (filmes, vestuário, revistas). Chegou ao Brasil nos anos de 1978 até se tornar uma modalidade olímpica em 2008.
A participação do Ceará é sempre muito aguardada pelo fato do estado marcar presença, pela competitividade e alto nível, bem como pela grande quantidade de pilotos, que ocorre por conta do apoio efetivo do Governo do Estado, através da Casa Civil e da Secretaria de Esportes com o fornecimento do transporte. O apoio do poder público aliado a organização das entidades da sociedade civil do campo esportivo fortalece a modalidade junto a crianças, adolescentes, jovens e adultos, fazendo com o BMX se desenvolva no estado.
Entretanto, os pilotos cearenses correm o risco de não participar esse ano da Copa Nordeste de BMX posto que até o presente momento a entidade responsável pela organização e inscrição dos participantes não recebeu a resposta positiva do Governo do Estado. As tratativas e negociações iniciaram em fevereiro de 2025, quando ofícios foram protocolizados e diversos contatos foram realizados pela Associação Cearense de Bicicross (ACBx).
Numa competição como essa o planejamento é fundamental. É necessária uma captação de recursos para a manutenção e alimentação dos atletas durante o percurso e a estadia na capital soteropolitana, por exemplo. A demora na resposta traz insegurança, atrapalha a concentração, a preparação física e mental dos pilotos cearenses. Sem falar que o período de inscrição se encerra no dia 20 de abril.
Como praticante e pesquisador da modalidade, faço um apelo para que a situação seja contornada o mais breve possível, pela importância da competição em destaque para a história de vida, para a formação cultural e profissional de cada atleta. A grande maioria é oriunda das Escolinhas gestadas nas periferias de Fortaleza e do Ceará tendo encontrado no esporte uma ferramenta de inclusão social, de resgate da cidadania, de prevenção e combate a violência física e simbólica capitaneada pelo crime organizado no Ceará. Investir em equipamentos esportivos, em formação, em apoio logístico (no caso do apoio do ônibus), economiza na compra de viaturas, de armas e previne mortes de crianças, adolescentes, jovens e dos nossos policiais.
Como diz o Poeta do Sertão sobre as políticas de combate as secas: “O orçamento do Governo é o açude Castanhão não custa nada fornecer uma cuia de água para matar a nossa sede!”.
Diante do exposto, fica o desafio: que prejuízo terá o Governo do Estado fornecendo um ônibus para a Delegação Cearense de BMX ir até Salvador representar o Ceará?
Amaudson Ximenes Veras Mendonça é sociólogo. Pesquisa e pratica BMX.